Episódio 5

T2:E5 Mediocridade ou Prosperidade

Olá a todos, este é o 5º episódio da segunda temporada do podcast Watch Your Money, e o meu nome é Luís Lourenço. Todas as 2as feiras trago-lhe um novo episódio, em que falamos de um ou mais temas da semana que passou, e em que tento fazer uma relação desses temas com o tema das finanças pessoais. 

Ora bem, então vamos lá. Esta semana é quase impossível fugir ao tema das medidas para o setor da habitação que foram apresentadas pelo governo na passada 5ª feira, e portanto vamos começar por aí 

São várias medidas, e eu vou enumerar algumas só para que o ouvinte esteja sintonizado com o que estou a falar. Vou enumerar sem qualquer tipo de ordenação: 

  1. Fim da concessão de novos vistos Gold 

Sobre esta medida não irei aqui pronunciar-me, somente por uma questão de gestão do tempo e parece-me haver outras matérias mais relevantes para relacionar com as finanças pessoais. 

  1. Outra media é o subarrendamento de casas de privados e pagamento de rendas em atraso 
  1. Segundo o que foi dito, isto significa então o estado passar a arrendar as casas que estejam disponíveis de proprietários privados, a preços de mercado, por um prazo de cinco anos, desde que seja possível subarrendar (não bem o que é isto – desde que seja possível subarrendar). O subarrendamento será feito pelo valor correspondente a 35% da taxa de esforço do inquilino, sendo que este será escolhido através de um sorteio que irá privilegiar “grupos mais vulneráveis” como jovens, famílias monoparentais e famílias com quebras de rendimento. 

 

Portanto o que dá aqui ideia é que o estado vai obrigar os privados a disponibilizar-lhe (ao estado) as suas casa que estiverem disponíveis e o estado vai subarrenda-las aos grupos mais vulneráveis pelo valor de 35% da sua taxa de esforço. Ora se estamos a falar de grupos vulneráveis, estaremos a falar de pessoas que ganham o ordenado mínimo ou eventualmente até menos. Fazendo umas contas rápidas 35% de 750eur (ordenado mínimo ) = 262,5eur. Ora eu não sei se a ideia é fazer isto no porto, em lisboa, ou freixo de espada a cinta (isso não é dito) , nem faço ideia se se trata de um t1 ou um t3, ou uma moradia. Mas enfim, o que retenho é que o estado quer alugar casas disponíveis de privados a grupos vulneráveis por 35% da sua taxa de esforço. 

  1. Ainda neste ponto temos o pagamento de rendas em atraso pelo estado. Portanto o estado pretende introduzir uma alteração em que, para todos os pedidos de despejo que deem entrada no Balcão Nacional de Alojamento, após três meses de rendas em dívida, o Estado passe a substituir o inquilino no pagamento ao senhorio, para que este não seja prejudicado. “Não compete ao senhorio assegurar a política social; compete ao Estado e o Estado deve apoiar, seja no apoio à renda ou numa medida de realojamento”, declarou o primeiro-ministro. E depois é dito, “O Estado tentará perceber o motivo de o inquilino ter falhado o pagamento e, caso não haja uma justificação plausível para o incumprimento, procederá ao despejo.”  Ou seja, se houver uma justificação plausível para o incumprimento, o despejo poderá certamente vir a arrastar-se no tempo. Aqui o que retenho é que há a vontade de proteger o senhorio, mas por outro lado é dito que só há despejo se houver justificação plausível para o incumprimento. 
  1. Vamos a outra medida: Limite ao aumento de rendas em novos contratos 
  1.  “Para novos contratos, a nova renda deve resultar da soma da última renda praticada com as atualizações que poderiam ter sido feitas no período do contrato”. Então, o que entendo é que se essas atualizações tiverem acontecido, o senhorio terá que manter o preço da renda anterior quando fizer um novo contrato.  
  1. Outra medida: o imposto sobre o arrendamento desce de 28% para 25%, ou seja, 3%. Naturalmente com o objetivo de incentivar o arrendamento pelos senhorios. No entanto não lhes permite aumentar as rendas em novos contratos. 
  1. Mais uma medida: Isenção de mais valias para quem vender imóveis ao estado. Mas não diz a que valor é que os imóveis serão vendidos. 
  1.  Outra medida: os bancos são obrigados a oferecer pelo menos uma opção de taxa fixa no crédito à habitação. Mas imagino que poderão colocar essa taxa no valor que muito bem entenderem. 
  1. Mais uma, e  será a última da minha lista: Alojamento Local vai ter uma taxa extraordinária e não haverá  novas licenças 

Portanto os proprietários deste tipo de estabelecimentos passarão a pagar uma contribuição extraordinária . Além disso, o governo vai proibir a emissão de novas licenças de Alojamento Local, com exceção dos alojamentos rurais em concelhos do interior do país, onde podem ser um “contributo importante” para dinamizar a economia local.  

Quanto às atuais licenças, por sua vez, serão sujeitas a reavaliação em 2030 e, a partir daí, de cinco em cinco anos. 

Bom, então o meu comentário sobre isto e sobre como é que isto relaciona com a gestão das finanças pessoais das pessoas. E relembro que nunca faço aqui comentários de natureza partidária e que me cinjo somente a tentar perceber os impactos de natureza económica e consequentemente sobre as pessoas. Naturalmente, seguindo a minha visão das coisas. 

Ora bem, estas medidas vão beneficiar muitas pessoas, nomeadamente as mais vulneráveis, que vão ser auxiliadas em situações de despejo, de benefícios em IRS, em rendas mais acessíveis, etc. E isso é bom para essas pessoas, nomeadamente no curto prazo. Agora, há outro grupo de pessoas, nomeadamente os empresários e os proprietários de habitações (que arriscam o seu dinheiro e puxam pela economia, que vão ser prejudicados em muita coisa.  

Vamos à gestão financeira pessoal: O objetivo de fazer uma boa gestão financeira pessoal é sair da mediocridade o mais depressa possível e alcançar bons níveis de saúde financeira posteriormente. Toda a gente vai conseguir isso? Não. Mas isso sempre foi verdade desde que existe mundo e não vai mudar. Agora é possível a qualquer um conseguir isso? Ah, isso é diferente e, sim, qualquer um pode conseguir isso em condições normais.  Então e para atingir isso? A primeira condição é cada um querer ser responsável pela sua vida e estabilidade financeira. É querer aprender o que for necessário para poder sair da pobreza. É querer abdicar de certas coisas e fazer os sacríficos que forem necessários para criar uma vida estável e próspera. Essa será a atitude certa para todos aqueles que vão beneficiar destas medidas, porque, se vão beneficiar delas, é porque estão numa situação difícil. E embora possam sentir-se beneficiados agora, isto pode ser só um atenuar momentâneo dos seus problemas, e não será nunca a sua solução. Portanto estas pessoas deviam talvez pensar o que querem de facto das suas vidas no futuro. 

Então e quanto aos que não vão ser beneficiados com estas medidas? Bom, quanto a esses o que me ocorre é relembrar algumas boas práticas de investimentos, nomeadamente a de diversificar (ou seja, não investir todo o dinheiro num único tipo de produtos) , e a de procurar evitar estar o mais possível afastado de  ambientes voláteis, em que hoje as coisas funcionam de uma maneira e amanhã de outra.  

 E pronto, com isto já cheguei ao fim do meu tempo, e fico por aqui. O tema das medidas para o setor da habitação acabou por ser o único abordado neste episódio, mas pareceu-me importante falar sobre isto que vos estive a dizer. 

Até para a próxima 2ª feira e tenham uma boa semana! 

Obrigado.  

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