Quem vai para o mar avia-se em terra

O jornal “The Guardian” anunciou no passado dia 14/05/2021 que o governo de Gales vai seguir o exemplo de outros países e fazer um teste piloto de introdução de um rendimento básico universal. Não vou aqui dar a minha opinião sobre o que penso deste rendimento, ou sobre os seus prós e contras. O que quero é aproveitar para refletir um pouco sobre o que está na sua origem. A adoção de um rendimento básico universal, segundo o qual todos os cidadãos recebem regularmente um valor em dinheiro que lhes permite cobrir o custo básico de vida, pretende essencialmente acabar com a pobreza e com a exclusão social. Sendo este um objetivo nobre por parte dos estados, a que se assistirá (eventualmente) cada vez mais no futuro, ele é simultaneamente um sinal de que, se nada for feito, assistiremos cada vez a mais miséria social e ao aumento do fosso entre os ricos e os pobres, com todas as consequências que daí podem advir. E, diga-se de passagem, essas consequências são totalmente imprevisíveis, pois nunca na história humana se viveu um período semelhante ao atual em termos de crescimento da população, desenvolvimento tecnológico, exaustão dos recursos do planeta, informação (e desinformação!) global, entre outros. Mas deixemos de lado o que os estados estão (ou poderão vir) a fazer por nós e pensemos noutra perspetiva, a do que nós podemos (e devemos) fazer por nós próprios. Este tema do rendimento básico universal não nasce do acaso. A sua origem está na perceção dos estados de que a desigualdade social entre os ricos e os pobres tende a agravar-se nos tempos que aí vêm.
A pandemia alterou por completo alguns modelos de trabalho e acabou com muitos empregos, criando uma enorme bolsa de pessoas à deriva e com imensa dificuldade em apanhar o comboio das novas soluções, que agora envolvem principalmente o online e novas atividades de base tecnológica.
Para muitas destas pessoas, vir a ter que viver com menos recursos financeiros será uma inevitabilidade. Ter formação e aprender técnicas sobre como fazê-lo é uma das melhores decisões que podem tomar neste momento. Mas isso não se aplica só a essas pessoas. Muitas daquelas que mantêm os seus empregos estão também numa situação muito mais incerta do que anteriormente. Assumir responsabilidades financeiras (principalmente de longo prazo) deve ser algo feito com a maior precaução. A redução das despesas de consumo em troca do reforço das poupanças (ou de investimentos “seguros”) é uma atitude mais que aconselhável. É que tudo indica que nos próximos anos veremos ocorrer grandes transformações mundiais, cujos detalhes neste momento são muito difíceis de imaginar. Vale então a pena pensar no velho ditado “Quem vai para o mar avia-se em terra.”. Autor: Luís F. Lourenço Managing Partner da Axelleworth Associates e CEO na Your Money Watcher

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