T2:E17 Os salários em Portugal e o emprego para os próximos 5 anos

2023.06.20 – T2:E17 – Os salários em Portugal e o emprego para os próximos 5 anos 

Olá, seja bem vindo ao episódio nº 17 da 2ª temporada do Podcast Watch Your Money. O meu nome é Luís Lourenço, e todas as semanas trago-lhe um novo episódio onde lhe falo sobre um ou mais temas que foram notícia recentemente, e faço a relação desses temas com a sua vida financeira pessoal. Tenho uma nota prévia para si, para lhe dizer que a partir desta semana a publicação dos episódios deste podcast passou para as 3as feiras (em vez das 2as) porque alguns inícios de semana mais agitados já impediram a publicação de alguns episódios e, assim, será maior a garantia de que não falho com a agenda que está estabelecida. Portanto, só para reforçar, os episódios semanais deste podcast passam a ser disponibilizados sempre às 3as feiras. 

Vamos lá então ao episódio de hoje. 

 

Evolução dos salários dos adultos com ensino superior 

Há poucos dias atrás foi publicado o estudo “Estado da Nação 2023”, realizado pela fundação José Neves que, entre várias coisas, apresentou resultados para a evolução dos salários que foram pagos aos adultos com qualificações superiores, entre 2011 e 2022.  O estudo apresenta muitos outros resultados bastante interessantes – que aproveito desde já para sugerir-lhe que leia – mas aqui vamos então focar-nos no tema dos salários pagos aos adultos com o ensino superior. 

Então, segundo este estudo, entre 2011 e 2022, o salário dos adultos com ensino superior manteve praticamente no mesmo nível de valores, o que se traduz numa quebra de cerca de 13% no valor dos salários reais, devido ao impacto da inflação ao longo dos anos. 

Ou seja, só para reforçar, nos últimos 11 anos, os adultos com ensino superior tiveram uma perda de 13% no valor real dos seus salários. Para termos uma noção, em termos de valores, um salário de 1.570€ passou para 1.359€ – note que estou a falar em termos de valores reais, descontados do efeito da inflação, já que, como referi anteriormente, em termos de valores nominais os salários deste grupo de pessoas mantiveram-se praticamente inalterados. 

 

Vamos agora a outro resultado do estudo, que diz respeito à diferença dos salários entre os adultos que têm ensino superior e os que não têm. Ora, neste caso, verifica-se que, entre 2011 e 2022, essa diferença passou de 51% para 27%. Ou seja, um adulto com ensino superior em 2011 ganhava cerca de mais 51% do um adulto sem ensino superior, enquanto que em 2022 ganhava mais 27% – uma quebra de quase 50%. 

Vamos ver com números: em 2011 um adulto com ensino superior ganhava 1.570€, enquanto um adulto sem ensino superior ganhava 920€ – a tal diferença de 51% a mais; em 2022 um adulto com ensino superior ganhava 1.359€, enquanto um adulto sem ensino superior  ganhava 918€, ou seja, a tal diferença de 27%. 

Ora bem, eu não estou com isto a defender que deva existir uma grande diferença nos salários entre quem tem e não tem ensino superior. Acho que ela deve existir, sim, mas devido ao mérito e às maiores capacidades e competências, que é habitual existirem nas pessoas com formação superior. As questões importantes aqui são outras, nomeadamente: 

  1. Os salários reais de quem não tem ensino superior mantiveram-se inalterados – ora, se vivíamos em 2011 num país de salários baixos, e se eles mantiveram inalterados em 2022, isto significa que continuamos a viver num país de salários baixos, só que entretanto passaram 11 anos (!), em que nada mudou!! 
  1. Os salários reais de quem tem ensino superior caíram 13%. Ou seja, existiu uma aproximação dos salários entre quem tem ensino superior e quem não tem, pela pior razão que podia haver, ou seja pela queda dos salários daqueles que tem ensino superior. 

 

Que várias conclusões se podem tirar daqui? Olhe, em primeiro lugar, parece que não compensa estudar e tirar cursos superiores. E pelo menos, aqui em Portugal dá ideia que não compensa mesmo.  Ora, mas por outro lado sabemos que isso é falso, pois a formação e o conhecimento são as armas mais poderosas para o futuro próximo (irei falar melhor sobre isso já daqui a pouco). Mas então em que ficamos? Bom para mim, é muito simples. Ou o país muda de rumo, e consegue rapidamente inverter esta catástrofe em que nos temos vindo e meter ao longo dos últimos anos, e consegue começar a ser um país atrativo e capaz de oferecer qualidade de vida aos portugueses; ou não consegue, e as pessoas tem uma de duas opções: ou continuar a viver aqui em condições medíocres – e em alguns casos miseráveis – ou emigrar e ir para fora. 

A minha sugestão para quem me está a ouvir é: 

Para o seu bem e para o bem das suas finanças pessoais, invista em si sempre, o mais e melhor que conseguir. Seja uma pessoa melhor, cresça, desenvolva as suas competências, não só na sua profissão mas na sua vida em geral. Deixe o que é supérfluo e sem interesse. Isso só vai contribuir para um dia sentir que tem uma vida vazia e aí pode ser tarde demais. Depois, se não tiver as melhores oportunidades aqui em Portugal, mude. Ou fique. Faça como achar melhor. Mas uma coisa é certa: você vai sempre ter as melhores oportunidades e possibilidades ao seu alcance, se apostar no seu crescimento pessoal. Aqui ou noutro país qualquer. Acredite que quem não aceita viver na mediocridade encontra sempre soluções. 

As suas finanças pessoais no futuro vão refletir o que você decidir. 

 

Os empregos no período de 2023 a 2027 

Vamos agora mudar ligeiramente de assunto e falar de um outro estudo, neste caso do World Economic Forum, o estudo “Future Jobs 2023”, ou seja “Empregos do futuro”. 

Este estudo apresenta alguns resultados incríveis e surpreendentes, pelo menos para mim e, tal como fiz em relação do estudo da fundação José Neves, também lhe recomendo a sua leitura (https://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2023.pdf). 

Tal como o próprio nome diz, este estudo aborda de uma forma muitíssimo completa as alterações que se perspetivam para o futuro dos empregos entre 2023 e 2027. E uma nota muito importante – não é para 2030 ou 2040! É para os próximos 5 anos e, portanto, tem uma importância muito relevante para o nosso futuro imediato. 

Passo a citar algumas das conclusões do estudo: 

As empresas estimam em 34% o número de tarefas de natureza física e manual que são desenvolvidas por máquinas, sendo as restantes 66% entregues a humanos (este resultado contradiz a tendência que se vinha a verificar para um aumento exponencial deste tipo de tarefas entregues a máquinas em detrimento dos humanos, que em 2020 era de 47% para os próximos 5 anos). No entanto, nas tarefas de raciocínio, comunicação e coordenação, espera-se um aumento relevante nos níveis de automatização. 75% das empresas esperam vir a adotar soluções de inteligência artificial e 50% esperam que daí resulte criação de empregos, enquanto 25% preveem a redução de empregos. 

Os empregos que se espera virem a crescer mais rapidamente são: 

  • Especialistas de IA  
  • Especialistas de sustentabilidade 
  • Analistas de business inteligence 
  • Analistas de segurança informática 
  • Engenheiros de energias renováveis 
  • Engenheiros de sistemas 

Os empregos que se espera virem a decrescer mais rapidamente são: 

  • Empregados de balcão e secretariado 
  • Empregos de caixa e correios 
  • Empregos de registo de dados 

 

Se olharmos agora em uma escala mais larga e não de crescimento acelerado, o crescimento de emprego é esperado em: 

  • Professores de universidade e educação especializada (+10%) 
  • Operadores de equipamentos agrícolas (+30%!) 
  • Especialistas de comércio eletrónico 
  • Especialistas de transformação digital 
  • Especialistas de marketing e estratégia digital 

 

Por último quero partilhar consigo, quais serão as competências mais valorizadas pelos empregadores nos próximos anos: 

  • Pensamento analítico 
  • Pensamento criativo 
  • Flexibilidade, resiliência e agilidade 
  • Motivação e auto-consciência 
  • Curiosidade e aprendizagem constante 

Além destas, também a empatia, a escuta ativa, a liderança e a influencia social, estão entre as 10 principais competências que as empresas vão procurar e valorizar nos seus empregados, ao longo dos próximos anos. 

E agora, finalmente, porque é que lhe estou a dizer tudo isto, num podcast que é suposto ser sobre finanças pessoais? É simples, é porque mais de 50% do sucesso na gestão das finanças pessoais tem a ver com questões comportamentais, e só o restante são técnicas e sistemas. Portanto é muito importante que esteja a par do que passa em relação aos temas que lhe falei hoje. Assim poderá refletir melhor sobre várias questões e tomar melhores decisões, e adotar certos comportamentos, que no final o ajudarão no sucesso das suas finanças pessoais. 

 

E pronto, ficamos por aqui. Era isto que tinha para lhe dizer hoje. E lembre-se que pode sempre aceder ao texto deste episódio está disponível no blog do website da Your Money Watcher. Muito obrigado pela sua presença e cá estarei de novo para a próxima semana! 

 Luís F. Lourenço 

Financial Life & Business Coach  

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