T2:E15 Sair do Risco de Pobreza – Vamos Lá!

Olá, seja bem vindo ao episódio nº 15 da 2ª temporada do Podcast Watch Your Money. O meu nome é Luís Lourenço, e trago-lhe um novo episódio, habitualmente às 2as feiras, onde lhe falo sobre um ou mais temas que foram notícia recentemente, e faço a relação desses temas com a sua vida financeira pessoal.   

Hoje vou-lhe falar sobre o risco de pobreza em Portugal e de algumas coisas que podem fazer sentido às pessoas que estão nessa situação. 

Vamos avançar para o episódio de hoje. 

“Sem apoios sociais, quase metade da população estaria em risco de pobreza” 

https://www.publico.pt/2023/05/17/estudiop/noticia/apoios-sociais-quase-metade-populacao-estaria-risco-pobreza-2049999 

O jornal público do passado dia 18 de maio tem um artigo com o título “Sem apoios sociais, quase metade da população estaria em risco de pobreza”, e começa por dizer que, “em 2020, 1,9 milhões de pessoas em Portugal estavam em risco de pobreza, um aumento de 1,6% face ao ano anterior. Esta é uma das conclusões do relatório – Portugal, Balanço Social 2022.” 

Quando estava a folhear o jornal é claro que este artigo me chamou imediatamente a atenção. Os números não são novos para mm, e para muitas pessoas que acompanham estes temas, mas sempre que os vejo não consigo deixar de sentir uma espécie de soco no estômago, como se os estivesse a ver pela primeira vez.  

1,9 milhões de pessoas são praticamente 20% da população portuguesa. 20% (!), ou seja, em cada 5 pessoas há 1 que, se não existissem apoios sociais, estaria em risco de pobreza. E o que aconteceu face ao ano passado? Melhoramos? Não. Pioramos 0,1%? Não. Pioramos 0,5%? Não. Pioramos 1%? Não. Pioramos 1,6%, ou seja, para ter uma ideia, qualquer coisa pero da lotação do estádio nacional de futebol. 

Não vou fazer aqui comparações sobre o que se passa em outros países, ou sobre análises quanto à causa desta situação. E note-se que estes dados que são apresentados são de 2020, ou seja, ainda em plena pandemia Covid-19 e ainda antes do mais recente impacto da guerra da Ucrânia e da inflação galopante.  

Num dos últimos episódios deste Podcast eu falei-lhe da produtividade dos Portugueses, por hora de trabalho, altura em que lhe apresentei as estatísticas que nos colocam no 3º pior lugar deste ranking face aos outros países da UE, prestes a sermos ultrapassados pelos 2 piores. 

Enfrentar o risco de pobreza 

O que é que isto tem a haver com o tema do risco de pobreza? Tem e tem muito. A pobreza é na maioria das vezes decorrente de um estado de espirito, da assunção de uma sensação de derrota, de que nada pode ser feito para se alterar aquilo que parece ser uma fatalidade, e que nunca vai mudar. E, quando se alcança esse estado, é mesmo muito difícil inverter as coisas. E por vezes a obtenção de apoios sociais ainda perpetua mais a situação de pobreza. 

Estou com isto a dizer que não deviam existir apoios sociais? Evidentemente que não. Esses devem existir sempre e são da maior importância. O que devia acontecer era uma maior resistência das pessoas em recorrer a esses apoios a não ser em situação de extrema necessidade e, mesmo recorrendo nessas situações extremas, todos deviam querer abandonar o recurso a esses apoios o mais rapidamente possível. 

Para todas as pessoas que estão em risco de pobreza, querer sair de lá a todo o custo devia ser a sua maior prioridade. E não estou a dizer que a maioria não quer ou gostaria de sair de lá. Mas há uma grande diferença entre querer ou gostar, e estar disposto a fazer tudo o que for possível para isso acontecer. Vou falar de algumas ideias. 

Algumas ideias para enfrentar o risco de pobreza 

A primeira e mais importante é agarrar-se à ideia de que vai sair da situação complicada em que está, e não admitir outra hipótese que não seja essa. Saiba que isso pode levar tempo e que vai ser difícil, mas não admita outra hipótese que não seja essa. 

Depois de estar cheio de coragem em convicção, faça um plano. Comece pelo curto prazo e depois vá aumentando o prazo à medida que vai avançando. Veja se ainda pode fazer alguma coisa para reduzir os seus gastos. Reequacione tudo, eu quero dizer mesmo tudo, incluindo aquilo que pode parecer indispensável à primeira vista. Lembre-se que está a fazer isto para sair da situação em que está, e não para o resto da sua vida. 

Outra coisa muito importante, envolva todos os membros da família nesta aventura. Todos aqueles que estão e irão passar por dificuldades devem saber tudo o que se passa, o que está a ser feito, e serem agente ativos ao longo do processo. Todos devem motivar e encorajar todos. Pois todos não vão ser demais. E quando saírem todos juntos do outro lado da situação, celebrar a vitória em conjunto vai ter um sabor extraordinário, e vão reforçar incrivelmente a vossa união. Não esqueça este ponto, pois é muito importante. Mesmo as crianças. A tentar protegê-las por vezes estamos a fazer mais mal do quem bem e, estarem por dentro da situação, vai-lhes dar uma experiência e maturidade que só lhes poderá ser útil nas suas vidas. 

Prepare-se para os momentos de depressão e desalento, pois eles vão surgir. Quando mais estiver a contar com eles, mais rapidamente vai conseguir ultrapassá-los e retomar o seu percurso. Procure amigos, outras pessoas e outras formas para se motivar e apoiar quando precisar. Não pense que não vai ser preciso porque provavelmente vai. 

Falei-lhe anteriormente em fazer um plano e reequacionar tudo. Volto a falar nisso para sublinhar a parte de reequacionar tudo. Pense qual é a primeira coisa que pode fazer para começar a sua jornada para sair da situação difícil em que está. Qual é essa coisa? Pode prescindir de um hábito? Pode criar um novo hábito? Que coisa pode começar a fazer hoje mesmo? Pode fazer algo para aumentar os seus rendimentos, no imediato ou a curto prazo? Isso faz sentido e está de acordo com a pessoa que você é? Então vá em frente. 

Olhe-se ao espelho e pergunte-se? Se tantos outros conseguiram entes de mim, porque não eu? Porque razão eu irei pertencer ao grupo dos que não conseguiram em vez de pertencer ao grupo dos que conseguiram? Como eu me irei ver a mim próprio no futuro, consoante tenha atingido um ou o outro resultado? E a minha família e amigos? 

No meio deste processo há uma outra coisa que é certa ( e imprescindível!): você vai ter que mudar enquanto pessoa. A pessoa que você é e que o levou à situação de risco de pobreza, não vai poder ser a mesma pessoa que o vai tirar de lá. Você vai ter que mudar. E é em relação a isso que quero desafia-lo a pensar. O que tenho que mudar em mim, para inverter esta situação. Pense um pouco no seu passado e tente detetar situações e tomadas de decisão que garantidamente o levaram até onde está hoje. Mesmo que tenham sido poucas e possam ter sido há muito tempo. Consegue detetá-las, certo? Se for honesto consigo mesmo, de certeza que consegue. E agora outro lado da mesma questão: que decisões não tomou ou coisas não fez na sua vida que, hoje consegue perceber, teriam tido um impacto importante na sua vida e possivelmente o teriam levado a uma situação melhor daquela que tem hoje? Também consegue detetar, certo? 

Bom então agora você tem uma noção de algumas coisas que podiam ter sido feitas de outra forma e que, provavelmente teriam sido melhores face ao que foram as suas escolhas no passado. E para que isso serve? Para se martirizar? Definitivamente não, pois se o fizer só vai piorar a sua situação. Ter uma noção do que foi o seu passado só lhe interessa para não repetir erros que cometeu antes e enfrentar o futuro com uma experiência e maturidade diferentes. Ou seja, sendo uma pessoa diferente daquela que o trouxe à situação atual. 

Por último quero acrescentar mais uma coisa. Se está uma situação de risco de pobreza, não há outra possibilidade que não seja a de que teve, e provavelmente tem, importantes lacunas em termos de gestão financeira pessoal. Não sei qual ou quais, mas tenho a certeza que tem. Seja em termos de formação financeira específica, seja de alguma outra dimensão, você tem  lacunas que não lhe permitiram fazer uma gestão financeira pessoal eficaz ao longo do tempo. É hora de mudar isso também. Porque se não o fizer, tudo o que falei antes provavelmente não vai resultar. Você precisa certamente de fazer formação e/ou de ter um coaching em finanças pessoais. Não tenha receio ou vergonha de o fazer ou procurar. 

E pronto, ficamos por aqui. Era isto que tinha para lhe dizer hoje. Muito obrigado pela sua presença e cá estarei para a próxima semana! 

 Luís F. Lourenço 

Financial Life & Business Coach  

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