T2:E13 Reembolsos e pagamentos de IRS e alteração das tabelas do imposto

Olá, seja bem vindo ao episódio nº 14 da 2ª temporada do Podcast Watch Your Money. O meu nome é Luís Lourenço, e trago-lhe um novo episódio, habitualmente às 2as feiras, onde lhe falo sobre um ou mais temas que foram notícia recentemente, e faço a relação desses temas com a sua vida financeira pessoal.   

Hoje vou-lhe falar sobre um tema que, embora não tenha sido um assunto notícia recente, é um assunto da atualidade para a maioria de nós. Estou a falar do IRS, e quero falar-lhe concretamente do que pode fazer em relação aquele reembolso que poderá vir a receber. 

Na realidade o que vou fazer é ler-lhe um artigo meu que foi publicado nos sites da Forbes Portugal e da PME Magazine na passada 4ª feira, dia 10 de Maio. Trata-se de um artigo que escrevi no âmbito da minha parceira com a empresa Paynest, através da qual presto serviços de coaching financeiro. 

Vamos então ao episódio de hoje. 

O título do artigo é:  IRS: o que fazer quer pague, ou receba um reembolso, para uma vida financeira mais saudável 

O período de entrega do IRS já começou e várias famílias já recorreram a simulações para saber se terão de pagar, ou receber o reembolso. Para que não desespere no primeiro caso, nem desperdice a possibilidade de rentabilizar o valor no segundo, há que dominar a literacia financeira para dar resposta a qualquer situação. Contudo, nem todos estão prontos para definir os próximos passos, já que, segundo dados de 2020 do Banco Central Europeu, Portugal está em último lugar no ranking de literacia financeira na zona Euro. 

Ainda que já seja tarde para atuar sobre a atividade do ano transato, esta não deixa de ser uma ótima altura para rever as suas práticas diárias, e assegurar que são aproveitadas todas as oportunidades para receber o máximo de reembolso no próximo ano. 

Vou receber um reembolso 

Voltando ao IRS deste ano, e começando pelos recebimentos de reembolso. Um dos hábitos mais comuns daqueles que recebem um reembolso pode ser gastá-lo imediatamente em algo que desejam, como umas férias ou um novo equipamento com tecnologia de ponta. No entanto, é importante lembrar que este dinheiro é uma oportunidade para melhorar a situação financeira a médio/longo prazo. Antes de olhar para a última geração de telemóveis ou procurar voos online, é importante liquidar dívidas que possam existir, como empréstimos de curto prazo ou saldos de cartões de crédito (que geralmente têm juros elevados), que podem levar a uma espiral insustentável. Usar o reembolso para pagar estas dívidas pode ajudar a reduzir a pressão financeira e criar uma base mais sólida para o futuro. 

Depois, após alcançar esta estabilidade financeira, há que mantê-la através de práticas de planeamento e gestão das finanças pessoais. Pode parecer algo muito simples, mas o seu impacto é realmente significativo. Refletir sobre os custos que irão surgir ao longo do ano, e também sobre os rendimentos, permite assegurar que todas as despesas fixas são cobertas e quanto é que possível aplicar num fundo de emergência. 

Mas podemos também aplicar esta receita inesperada em investimentos. Existem no mercado oportunidades para diversos perfis de investidores, havendo alguns de baixo risco para aqueles menos familiarizados com o setor e mais conservadores, como os Certificados de Tesouro e Certificados de Aforro e os tradicionais Plano Poupança Reforma (PPR), ou outros com maior risco, como Ações ou Fundos – refiro-me aqui concretamente aos ETFs). Mesmo que o retorno inicial seja pequeno, a longo prazo, os benefícios podem ser significativos. 

Vou ter que pagar IRS 

Por outro lado, para aqueles que terão de pagar IRS, este pode ser um momento stressante. No entanto, há formas de o gerir de forma sustentável. Começando pela base, uma prática que pode parecer óbvia é cortar despesas supérfluas. No entanto, nem sempre é uma decisão intuitiva. É importante parar e repensar nas despesas do dia a dia, como subscrições de plataformas que não são utilizadas, ou hábitos de consumo não ponderados. Se este esforço já tiver sido feito e, ainda assim, precisar de mais rendimentos, é aconselhável consultar um coach financeiro que possa fazer um acompanhamento personalizado e, por isso, adaptado às condições individuais. 

Ainda que seja comum focarmos no IRS como uma roleta russa sobre se vamos ou não receber o reembolso, na verdade, este momento deve servir como um incentivo ao planeamento financeiro. E ainda estamos muito a tempo de começar hoje a contribuir para uma melhor situação no IRS de 2023. Avaliar cuidadosamente as despesas e receitas do ano anterior ajuda a projetar o ano fiscal seguinte e garantir uma vida financeira mais saudável. Tal como a saúde física e mental estão no topo das prioridades pessoais, a saúde financeira também deveria estar. Deste modo, é importante investir em literacia financeira, seja através de hábitos de leitura, podcasts, mentorias ou mesmo ao frequentar cursos dedicados. 

Pronto, chegou assim ao final o artigo que escrevi sobre o tema dos reembolsos e pagamentos referentes ao IRS. 

Impacto da mudança das tabelas do IRS a partir de 1 de Julho 

Ainda antes de terminar este episódio, quero falar-lhe de mais um tema também relacionado com o IRS, concretamente sobre o impacto da alteração das tabelas de retenção na fonte que vão ocorrer a partir de 1 de Julho. Muitas pessoas têm dúvidas sobre este assunto e eu quero deixar-lhe algumas ideias.  

A primeira coisa é a seguinte: ninguém ouviu dizer em lado nenhum que vai entrar em vigor  uma redução da carga tributária do IRS, certo? Portanto, não é isso que vai acontecer. O que vai acontecer – por uma lado – é uma atualização dos escalões de tributação para os ajustar aos aumentos salariais que ocorreram este ano, de forma a que as pessoas continuem a pagar o que pagavam antes. Reforço: continuem a pagar o que pagavam antes. É claro que nestas situações pode ser haver uma ou outra variação, para mais ou para menos, mas o objetivo é manter a tributação tal como estava antes. Por outro lado, vai haver uma alteração nas tabelas de retenção na fonte, ou seja, nos valores que são retidos às pessoas pelas empresas empregadoras, diretamente nos seus salários – mensalmente. O objetivo desta alteração é dar mais liquidez às pessoas, através de uma menor retenção para IRS no seu salário, e assim apoiar ao enorme aumento de despesas que temos vindo a assistir. 

Ou seja, é verdade que a maioria das pessoas vai ter mais dinheiro no seu bolso todos os meses. Agora, isso significa que vão pagar menos IRS? Não, não significa isso. O que significa é  que vão ter mais ao longo dos meses, mas depois vão ter reembolsos menores. Por exemplo, vamos imaginar que alguém recebe 1.500 eur por mês de salário e que tem um reembolso de 2 000 eur na altura da liquidação do IRS. Com a alteração das tabelas de retenção, o que pode acontecer é essa pessoa passar a receber 1.600eur por mês e depois, em vez de receber 2.000eur de reembolso, receber somente 800eur. Ou seja, em termos líquidos no final de contas fica tudo na mesma. Atenção aos casos em que as pessoas, em vez de receberem um reembolso na altura da liquidação, ainda têm que pagar. Nesse caso a lógica é a mesma, o que significa, vão também receber mais mensalmente, mas depois terão que pagar ainda mais do que pagariam com as tabelas anteriores. 

Onde é que isto nos deixa? Numa situação que pode ser perigosa, porque há uma sensação de ter mais dinheiro, mas que é somente ilusória. Na minha opinião é uma medida positiva, porque realmente a maioria das pessoas vai ter mais liquidez ao longo dos meses. Mas aqueles que contam habitualmente com o valor do reembolso para pagar certo tipo de despesas, como o seguro do carro ou outra despesa fixa importante, têm que ter cuidado porque esse dinheiro agora poderá não vir, ou ser muito mais reduzido. Se o impedimento for em relação a deixar de ter dinheiro para ir de férias durante um ano ou dois, ainda não é tão grave, mas se for  um impedimento em relação a outras coisas, já pode ser complicado. Portanto a mensagem final é, continue a poupar e a reduzir as suas despesas ao máximo, mesmo que lhe pareça que pode folgar um pouco. Pelo menos ainda durante uns bons meses. E para o ano que vem po esta altura, já devemos ter uma capacidade melhor de avaliar as coisas. 

 

E pronto, ficamos por aqui. Era isto que tinha para lhe dizer hoje. Muito obrigado pela sua presença e cá estarei para a próxima semana! 

Luís F. Lourenço 

Financial Life & Business Coach

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