T2:E1 A sua Reforma

O meu nome é Luís Lourenço e quero dar-vos as boas vindas a este primeiro episódio da 2ª temporada do Podcast Watch Your Money.

Antes de mais pedir as minha desculpas pelo atraso no lançamento desta temporada, que já era para ter sido feito em 2022 e, por sucessivos atrasos, acabou por só ser possível concretizar agora. A todos aqueles a quem eu dei outras expetativas, as minhas desculpas.

Antes de passarmos ao conteúdo do episódio de hoje, quero dar umas rápidas notas introdutórias. Esta nova temporada do Podcast vai ter uma novidade, que é a de que cada episódio estar mais diretamente relacionado com a nossa atualidade, nomeadamente com alguma coisa que esteja a acontecer em Portugal, ou em outros países, e que afete de uma forma ou outra a nossa vida financeira pessoal.

Assim, semanalmente vou selecionar um ou mais tópicos do domínio público para apresentar aqui, e depois vou falar um pouco sobre como esses temas afetam a nossa vida financeira e fazer alguns comentários sobre o que podemos fazer em relação a cada caso.

Quanto à periodicidade, e alvo alguma situação excecional, todas as 2as feiras será lançado um novo episódio cujo conteúdo será relacionado com a semana anterior.

E pronto, são estas as notas introdutórias que queria dar-lhe. Vamos então para o episódio de hoje. Ah, um aspeto importante que estava a esquecer-me. Neste Podcast iremos falar de assuntos da atualidade e quase sempre com ligação à situação económica nacional e internacional, o que poderá em alguma situação dar a ideia que eu estou a dar preferência a alguma cor partidária. Errado! Irei sempre permanecer isento e fazer as minhas análises e comentários com uma perspetiva pessoal e exclusivamente financeira e económica. E sempre focada nos impactos na gestão financeira pessoal. Se daí alguém tirar conclusões que eu prefiro o partido A ou B, isso já será da sua inteira responsabilidade. Este Podcast não tem portanto rigorosamente nada a ver com preferências politicas ou com questões partidárias.

Vamos lá então. Hoje quero falar-lhe de algumas situações, e vou começar pelo que está a acontecer em frança com os protestos relacionados com o aumento da idade da reforma.

Sobre isto o que eu gostava de dizer é o seguinte.

Eu não conheço em rigor os números das finanças em França, mas tenho senso comum. E esse senso comum diz-me que se existe um aumento da esperança de vida da população, isso provoca necessariamente um aumento do número de anos durante os quais é preciso pagar reformas aos pensionistas. Só para termos uma ideia, vamos imaginar que existem 5.000.000 de pensionistas em França (não sei se há ou não, é só um exemplo), que em média cada um recebe uma pensão de 1.000 eur (estamos em França, lembre-se) e que essa pensão é paga 14 x por ano (estou a contar com o subsídio de férias e de natal). Com base neste exemplo, sabe qual seria o acréscimo para os cofres do estado, por cada ano de aumento da esperança de vida da população? Está sentado? Seria de 70.000.000.000 euros!! Por ano! Ok… então e há\ algum tipo de compensação do lado da receita? Ou seja, há mais dinheiro a entrar no sistema para compensar isto? Não! Não há! Não há mais nascimentos do que havia antes e portanto não há mais pessoas a trabalhar e a descontar, e portanto não há nada que compense o aumento dos custos com as pensões.

Então, como o dinheiro não cai do céu, qual é a solução? Eu posso dizer qual é a minha opinião. Se à custa das manifestações, os franceses conseguirem que o aumento da idade reforma não vá para a frente, então o dinheiro terá que vir de outros lados. E que lados poderão ser esses? Bom, ou a utilização de plafonds para as pensões (ou seja as pessoas recebem pensões menores), ou um aumento da carga de descontos para a segurança social (ou seja as pessoas e/ou as empresas descontam mais), ou uma diminuição e/ou supressão de outros subsídios. Mas…. no final , as pessoas vão pagar sempre!!!! E muito provavelmente, o aumento da idade da reforma até poderá ser a forma que menos penalizaria as pessoas. Mas, como acontece repetidamente, e cá em Portugal também, as pessoas gostam de dar tiros nos próprios pés e de não fazerem análises ponderadas e cuidadas das situações. E muitas vezes o que fazem é seguir cegamente os sindicatos e outras organizações, que têm as suas próprias agendas e que estão pouco ou nada preocupados com as pessoas.

Bem, chegados aqui, o ouvinte pergunta, e então qual é a mensagem? Pois bem, o meu conselho para os franceses é o mesmo que é para os portugueses. Confiem pouco nos sistemas de segurança social e apostem de forma decidida nas suas próprias soluções para a reforma. Considerem a reforma do Estado mais como um complemento do que como a reforma principal e assim poderão talvez vir a ter um rendimento que seja interessante quando deixarem de trabalhar. E quanto mais cedo começarem a fazê-lo melhor. Através de Planos Poupança Reforma, Seguros de Capitalização, ou outras alternativas de investimento. Mas deixem de contar que o Estado vai poder proporcionar o mesmo tipo de rendimento que têm na sua vida ativa, quando alcançarem a idade da reforma. Porque a probabilidade de isso acontecer é praticamente nula.

Sobre os protestos em França, ouvi pessoas falarem de direitos adquiridos e de fazerem muito barulho acerca de não poderem de forma nenhuma perder esses direitos. Eu sinceramente lamento muito dizer isto, mas acho isso absurdo. Os direitos de cada um, vão sempre depender dos recursos que estão disponíveis. Se não houver dinheiro que chegue para manter os direitos, eles terão que ser reduzidos. Para mim não há dúvida! E isso é o que é normal!

Se não houver dinheiro, ele não vai cair do céu. Parafraseando o nosso primeiro ministro, habituem-se à ideia.

O segundo tema, é um tema de natureza completamente diferente. É um tema nacional e tem a ver com a compensação pelas despesas adicionais no teletrabalho ter de estar justificada para não pagar IRS.

Pois, então a autoridade tributária divulgou agora um ofício sobre o tratamento fiscal das despesas incorridas pelo trabalhador em regime de teletrabalho, na sequência da alteração à legislação laboral a partir da qual passaram a ser os empregadores a suportar estas despesas. Portanto a questão aqui não é se as empresas vão ou não pagar essas despesas – isso já está decidido que sim –, mas sim se elas estão sujeitas a IRS ou não. E o que diz o oficio é que não estão, mas atenção, somente no caso em que essas despesas estejam devidamente comprovadas.

O oficio diz: Será necessária “a evidência do acréscimo de despesas, pela documentação/faturação apresentada pelo trabalhador, mediante a comparação com as despesas homólogas no mesmo mês do último ano anterior à aplicação desse acordo e que indique, inequivocamente, que respeita ao local de trabalho que foi identificado no acordo celebrado com a entidade empregadora, apesar de não ser exigível que o trabalhador figure como titular na documentação/faturação“.

E pronto, nesta situação o pagamento destas despesas ao trabalhador não está sujeito a IRS. Caso contrário, se não houver comprovativos das despesas, todo os valores pagos ao trabalhador estarão sujeitos a IRS.

Em relação a isto vou só acrescentar que em termos de finanças pessoais, as pessoas tiveram na maioria dos casos um aumento salarial significativo. Para além dos ganhos com poupança de combustível, roupa, desgaste, horas perdidas em trânsito, etc, , não tiveram nenhum acréscimo de custos, pois esses são suportados pelas empresas empregadores e – como vimos – isentos de IRS.

Será que quem está nesta situação já fez as contas ao aumento líquido que teve no seu salário? Não me admirava se fosse um aumento acima do valor da inflação. Só espero que estejam a saber dar valor a isso e a aplicar bem esse aumento de rendimento totalmente imprevisto que tiveram.

Por último vou só fazer uma referência rápida às intervenções do Governador do Banco de Portugal Mário Centeno e da Presidente do BCE Cristine Lagarde no World Economic Forum, que como sabe teve lugar na semana passada em Davos na Suiça.

Começando pelo Governador do Banco de Portugal, a mensagem principal que eu retive é que muito provavelmente não irá haver recessão na europa em 2023, ou então será uma recessão pouco expressiva. Quanto à inflação, ela dá mostras de estar inverter a tendência de subida, e portanto, embora 2023 seja um ano ainda difícil, segundo Mário Centeno, será um ano em que deverá haver algum crescimento económico e em que os mercados apresentarão uma tendência para a normalização.

No caso da presidente do BCE a mensagem principal é a de que a política das taxas de juro elevadas é para manter, e que poderão até haver novas subidas se a inflação não ser sinais de estar controlada e a dirigir-se de forma estável para o valor objetivo que é de 2%.

Concretizando-se as previsões do BP e do BCE, o efeito para as nossas finanças pessoais não é significativo face ao nosso passado recente. Sobre como podemos enfrentar estes dois temas – o baixo crescimento económico e a inflação elevada – irei muito em breve publicar um artigo no blog da YMW, que depois será divulgado por quem nos acompanha.

E pronto… foram estes os temas que decidi trazer-vos esta semana. Espero que este episodio tenha sido interessante e que possa ajudar a refletir sobre estas coisas.

E lembre-se que aqui no Podcast Watch Your Money falamos a sério sobre dinheiro para que possa ter uma vida à séria! Obrigado e até para a semana, na 2ª feira!

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