T2:E9 Falência dos Bancos – O que pode fazer?

Olá, seja bem vindo ao 9º episódio da 2ª temporada do Podcast Watch Your Money. O meu nome é Luís Lourenço, e todas as 2as feiras trago-lhe um novo episódio, onde lhe falo sobre um ou mais temas que foram notícia na semana que passou, e faço a relação desses temas com a sua vida financeira pessoal.  Antes de começar o episódio de hoje quero dizer-lhe que lamento ter falhado com o episódio da semana passada. Uma falha causada por motivos de força maior que não pude mesmo evitar, mas apresento-lhe as minhas desculpas por essa ausência. Vamos então ao episódio de hoje. 

O tema da semana

Como tema para esta semana escolhi o recente colapso dos bancos norte americanos Silvergate, Signature e Silicon Valley e a aquisição do Credit Suisse pela UBS. Estes acontecimentos não aconteceram exatamente na semana passada, mas, pela sua importância, quero falar sobre eles aqui consigo. 

Primeiro, e sem querer entrar em grandes detalhes, por que razão é que estes bancos foram à falência? Basicamente porque fizeram um conjunto de investimentos com elevado risco que, no momento prolongado de elevadas taxas de juro que estamos a viver, desvalorizaram bastante. Assim que os primeiros sinais de alarme que foram detetados, os depositantes preocupados fizeram uma corrida ao banco para levantar os seus depósitos. Ora nenhum banco consegue resistir a um levantamento em massa dos depósitos, pois a maioria do dinheiro desses depósitos está aplicada em investimentos, não estando assim disponível, se todos, ou uma grande parte dos depositantes, decidir levantar o seu dinheiro. Então, sem ter dinheiro disponível e com grandes perdas nos investimentos realizados, estes bancos não foram capazes de cumprir as suas responsabilidades e foram à falência. 

Devia haver fiscalização por parte dos bancos centrais para evitar que os bancos entrassem neste tipo de situação de risco excessivo? Claro que sim. E existe? Confesso que não conheço o sistema de controlo bancário nos EU e, por isso, não sei dizer. Mas o que sei é que, mesmo que exista esse controlo em termos teóricos, na prática as coisas nem sempre funcionam e por vezes as medidas de controlo que deviam existir, falham e os desastres acontecem. 

E em relação ao Credit Suisse? Para mim o Credit Suisse talvez não tenha falido porque, ao contrário do que aconteceu com os bancos americanos, o governo suíço interveio e não quis correr riscos. A banca Suíça é conhecida pela sua enorme credibilidade e experiência, uma espécie de exemplo para o mundo em termos de banca, e o pior que lhe podia acontecer era o colapso de um dos seus maiores bancos. O banco de investimento UBS rapidamente se antecipou e adquiriu o Credit Suisse, acabando assim com o tema rapidamente. 

O dinheiro no banco está seguro? 

Bom agora a relação entre este assunto e as finanças pessoais. 

Sabemos que, sempre que este tipo de coisas acontece, muitas pessoas ficam preocupadas em relação à segurança que existe relativamente às poupanças que têm depositadas nos bancos. Agora, têm ou não razão em ficar preocupadas? 

Embora ninguém possa garantir que os bancos são seguros e que não vai haver falências, a verdade é que é muito pouco provável que, depois da crise de 2010 e das medidas de controlo aplicadas pelo BdP, venham a acontecer novas falências inesperadas em Portugal. Agora, não ser provável, não significa que não vai acontecer, e portanto, é bom que saiba o que pode fazer para se proteger. 

Uma das coisas que pode fazer é diversificar os seus investimentos por classes de ativos fora do sistema bancário, como por exemplo imóveis. Eu sei que isto pode não ser solução, ou porque as pessoas não têm o dinheiro para fazer este tipo de diversificação, ou pura e simplesmente porque não querem e preferem ter o dinheiro em aplicações bancárias. E é verdade que isto faz todo o sentido, e que é através da banca que se encontram muitas das melhores soluções financeiras, pelo menos para muitos investidores. 

Então o que mais pode fazer para se proteger? Pode continuar por seguir o princípio da diversificação, como atrás referi, mas neste caso dentro da banca. Ou seja, pode fazer aplicações financeiras em várias instituições, mitigando assim o problema caso exista a falência de algum desses bancos. Mas há um aspeto ainda mais importante do que este, quando se trata de diversificar as suas aplicações por diversas instituições financeiras. É o do fundo de garantia dos depósitos. E este aspeto é na verdade a sua maior proteção relativamente às suas aplicações. Provavelmente está a par da existência deste fundo, que tem como objetivo, e como diz o próprio nome, proteger os depósitos que são efetuados nas instituições financeiras.  Se ainda não estava a par da existência deste fundo sugiro-lhe que consulte mais detalhes no site fgd.pt onde pode encontrar toda a informação. De qualquer modo, eu vou aqui resumir alguns dos aspetos mais relevantes do fundo e dizer-lhe como pode aproveitar esta garantia ao máximo. 

O fundo de garantia de depósitos 

Que valores garante? 

Este fundo garante o valor máximo de 100.000 eur para a totalidade dos depósitos que cada pessoa tem em cada instituição bancária. Repito, 100.000 eur por pessoa e por instituição bancária. Portanto se tiver aplicações no total de 100.000 eur no banco A e mais 100.000 eur no banco B, a totalidade dos seus depósitos está garantida por este fundo, no caso de algum dos bancos A ou B (ou os dois) terem problemas e não conseguirem cumprir as suas responsabilidades. Se pelo contrário tiver, não 100.000 eur num banco mais 100.000 noutro, mas sim 200.000 eur no mesmo banco, se existir um problema nesse banco, só terá direito a 100.000, pois esse é o valor máximo por pessoa e por instituição. 

Que tipos de depósitos/aplicações estão garantidas 

Agora, todos os tipos de depósitos estão garantidos por este fundo? Muitos estão cobertos sim, mas o melhor que tem a fazer é consultar a ficha de informação normalizada (FIN), que é disponibilizada sempre que realiza uma aplicação financeira, e verificar se essa aplicação está coberta pelo fundo de garantia de depósitos ou não. Caso não esteja, se houver um problema com o banco, o fundo não vai reembolsar-lhe o dinheiro dessa aplicação. 

Posso ter as minhas aplicações em qualquer instituição financeira? 

Outra questão: o fundo é válido para aplicações realizadas em todas as instituições financeiras? Mais uma vez, embora seja válido para a maioria delas, o fundo só é válido para as instituições que dele são participantes. Portanto, deve consultar se as instituições onde pensa constituir aplicações financeiras são participantes do fundo, ou não, pois se não forem, as suas aplicações não estarão garantidas no caso da ocorrência de um incidente. 

E se existirem outros titulares nas contas? 

A outra questão que também aproveito para esclarecer é sobre as contas com mais de um titular. Neste caso o fundo considera que todos os titulares beneficiam em partes iguais dos respetivos depósitos. Ou seja, se tiver uma aplicação de 100.000 no banco A, numa conta conjunta com outra pessoa, em caso de acidente cada um dos titulares terá direito receber 50.000 eur, ou seja, 50% para cada um. Agora se considerarmos o mesmo caso de uma conta conjunta com 2 titulares, mas agora para um depósito de 200.000 eur, cada um já teria direito a 100.000 eur no caso de um incidente. E por último, se o depósito fosse de 300.000 eur, cada um continuaria a ter direito a um reembolso de 100.000 eur, pois esse é o limite máximo garantido pelo fundo, por depositante e por instituição. 

Fundo de Garantia de Depósitos – Resumo 

Portanto, resumindo. Para tirar o máximo partido deste fundo de garantia de depósitos lembre-se: 

  • As instituições onde tem as suas aplicações têm que ser participantes no fundo 
  • O valor máximo garantido é de 100.000 eur por depositante e por instituição financeira. 
  • As aplicações financeiras (ou depósitos) têm que estar abrangidas pelo fundo, o que deve verificar na ficha de informação normalizada que acompanha todas as aplicações que faz. E mesmo que já tenha aplicações feitas, deve pedir à sua instituição que lhe forneça as fichas referentes a essas aplicações, para poder verificar se estão garantidas pelo fundo.

Ora muito bem, embora para mim estes sejam os esclarecimentos mais importantes a ter em conta em relação ao fundo de garantia dos depósitos, sugiro-lhe que não deixe de aceder ao site fgd.pt para consultar mais informações relevantes sobre este assunto. 

Em jeito de conclusão digo-lhe então que, as medidas de controlo em vigor que estão a ser aplicadas pelo banco de Portugal, mais a sua capacidade de utilizar o fundo de garantia de depósitos de uma forma eficiente, e abrangente, para proteger as suas aplicações, são os mecanismos que existem para o defender no caso de um eventual acidente na banca. São suficientes? Eu sinceramente acredito que são muito razoáveis e que, se fizer uma boa gestão das suas aplicações, tendo em conta as condições de reembolso do fundo, ficará bem protegido contra problemas. 

Pronto. É tudo quando tenho para lhe dizer hoje e espero ter conseguido ajudar em relação a este tema que por vezes gera tanta ansiedade entre as pessoas. Chegamos assim ao final do episódio de hoje.  Muito obrigado pela sua presença e até para a próxima semana! 

 

Luís F. Lourenço 

Financial Life & Business Coach  

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